sábado, 22 de agosto de 2009

Espaço


Quando ainda estava na faculdade, alguém me convidou, e não foi nem uma nem duas vezes, pra entrar pro convento...
Muitas vezes eu fiquei pensando sobre isso e se realmente era isso que esperavam de mim... Mas descobri com alívio que não servia para a vida do claustro. E é exatamente por isso, pelo confinamento, pela restrinção que viveria dentro dessa vida que disse não. Será um absurdo pensar desse jeito?
Creio em algo. E para isso dou o nome de Deus. Mas não creio que Ele me fez pra viver uma vida religosa ao ponto de abrir mão do dom mais precioso que Ele me deu (pelo menos assim creio) - O "livre arbítrio". Posso estar julgando mal uma coisa que não conheço a fundo, mas muitas vezes vi meus amigo tendo que dizer não para coisas simples como ir tomar sorvete comigo porque tinham que ter autorização. Ou ficar até mais tarde conversando porque estavam sendo vigiados.
Acho válido algumas escolhas, servir é um delas. Abrir mão da familia para servir toda uma humanidade é algo que me encanta, mas a que preço!? Sei que quem decide por isso é feliz de verdade, pois serve a seu Deus dessa maneira. Mas não serve pra mim.
Gosto de falar do que quero, de estudar o que quero, de ter horários só meus e outros que posso compartilhar com amigos, família. Gosto de poder "questionar" sem ser pressionada por uma hierarquia que também é pressionada...
Incrível como pra mim uma palavra pode exprimir tão bem o que é viver na vida religiosa - claustro. De fato, acho que nunca havia parado pra pensar nisso dessa maneira, mas parece que é bem isso. Um limite, um limite que eu nunca estive pronta pra ter, e olha que os que me conhecem sabe que tenho milhares de limites...
Servir é algo mágico e despretencioso. Não é preciso viver enclausurada para fazer. Aliás, acredito ao contrário, quanto mais se vive livre, melhor se pode servir. Servir ao outro, olhar ao outro. Perceber o outro. Sentir onde se pode ser útil e onde se está passando do limite (mais uma vez ele aí)...
Será que desenvolvi o medo claustrofóbico por pensar assim? Não posso nem imaginar entrar em um elevador que já me dá um suador. Tenho medo que ele pare e eu fique presa por horas dentro daquele espaço ínfimo onde cabem, às vezes, apenas 6 pessoas... Não consigo nem tomar banho com a porta fechada na academia porque o espaço é muito pequeno...
Hum, parece que ter espaço é importante pra mim. E talvez o seja pra todos...

1 O que vocês pensam?:

Unknown disse...

Filha gostei.
Temos muitas maneiras de servir a Ele, o teu de ensinar é talvez uma das mais sublimes formas.
Parabéns.
Um beijão