sábado, 28 de novembro de 2009

O acampamento


-- Ja venho.
-- ...
Ele sai da barraca. estamos há 3 dias num acampamento perto de uma cachoeira linda. Somos um grupo razoável: Cinco barracas.
A nossa; Maria e Pedro; Os irmão Anjos - Thiago e Mateus; uma barraca das meninas - Paula, Madalena, Lunciana e Luiza e uma outra que usamos como "despensa".
Aquela noite havíamos ficado conversando ao pé do fogo como costumávamos fazer nos tempos do Grupo. Relembramos coisas incríveis. Não fazia muito que deixáramos o Grupo, mas parecia muito mais...
Já estranhava a demora quando escutei ele voltando. Falava baixinho com alguém, provavelmente Pedro - os dois sempre verificavam tudo antes de deitar... Abri a porta da barraca pra que ele entrasse e, para minha surpresa, ele trazia duas taças e uma garrafa de vinho nas mãos. O meu preferido, como sempre.
-- Vinho!! Mas como você trouxe isso sem eu ver?!
-- Hum... Segredos de um bom amante.
Sorrio enquanto coro, pois é o que posso fazer diante de tal afirmativa.
-- Olha, acho que está na temperatura que você gosta. Só a garrafa está mi molhada porque estava no rio. Cuidei pra não perder o rótulo...
-- Ah, então era isso!!! Não sabia o que você, Thiago e Pedro tinham ido amarrar rio acima...
Agora é a vez dele sorrir sem jeito por perceber que noto quase tudo o que faz, mesmo que discretamente....
-- Mas... Existe uma razão especial para esse vinho?
-- Hum... Pode ser...
-- ...
-- Mang, tenho umas fotos aqui que trouxe para você ver.
-- ???
-- Olha esse lugar.
Ele me passa um maço de fotos, e enquanto vou olhando ele vai abrindo o vinho...
São fotos de uma casa. Uma casa perfeitamente decorada. A biblioteca - ainda vazia de livros - com a laleira e umas poltronas aconchegantes; uma sala de jantar clássica com uma louça maravilhosa. Um lugar que parecia ser uma futura sala de TV.
A cozinha inteiramente funcional. Uma escada discreta leva ao andar superior. Lá em cima, três quartos. Uma suíte - com um banheiro perfeito - e mais dois quartos que ainda não tem decoração nenhuma mais um banheiro social.
Embaixo ainda havia o quintal. Ao que parecia se podia ver da janela da cozinha. Uma piscina. Lá atrás quase uma casa nova. Quarto, cozinha, banhieros (por causa da piscina), churrasqueira...
Cada foto era seguida de um comentário meu para ele sobre o que eu pensava de cada ambiente... Estava habituada àquilo, pois fazia já um tempo que conversávamos sobre essas coisas. Mas quando cheguei na última foto meu coração quase parou.
Era a foto da garagem. Nela um carro. O carro dele. E ele parado ao lado, com uma rosa que brilhava na mão acenando para o fotógrafo.
Olhei para ele. Meus olhos já cheio de água, tentei dizer algo mas ele foi mais rápido.
-- Amor, essa casa ficaria perfeita de verdade se junto com esse bonitão aí que já é o dono dela, estivesse a muher mais apaixonante do mundo.
E uma rosa apareceu do nada e notei um anel preso nela.
-- ...
-- Mang, casa comigo?
Uma lágrima escorreu do meu olho. A felicidade era absurda.
-- Enfim... Acho que temos realmente algo pra comemorar...
-- ...
-- Eu não perco essa vida ao teu lao por nada, amor...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Rede de cooperação


É tempo das cavernas. Uma mulher estava no shopping das cavernas passeando (leia-se fazendo gastos de seus pedregulhos), quando ao longe avista um homem das cavernas conhecido e ao começar a levantar a mão pra um cumprimento percebe uma "menininha das cavernas" chegando e beijando o homem das cavernas.
Imediatamente se esconde e observa. Ao certificar-se de que aquele homem das cavernas era mesmo o marido de sua amiga das cavernas. Pega seu telefone celular de pedra e faz uma chamada para uma outra amiga das cavernas e assim começa a grande rede.
Essa amiga das cavernas liga pra outra, que liga pra outra e que liga pra outra até que a mulher traída das cavernas é avisada.
Mas nessa altura já existe uma rede de mulheres das cavernas no shopping vigiado o malandro das cavernas e a mocinha sem vergonha das cavernas.
A mulher traída das cavernas chega e as amigas das cavernas já têm um plano das cavernas pra pegar o malandro, um plano de auxílio para a amiga das cavernas que vai ficar sozinha e um outro para acabar com o marido traidor das cavernas que acabará sem nenhum pedregulho para dar à mocinha sem vergonha das cavernas e terminará mais sozinho que nunca.
Tudo sai como planejado.
Essa, meus caros, é a origem da cooperação. O resto é balela!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Adeus


Estava lá, sentada na beira do Lago com os pés pra dentro d'água vendo o sol se pôr. Algo inquietava o meu coração, mas não tinha certeza do que era...
Senti que ele chegava mas nao me virei, estava alí em meu mundo, e naquele momento distante de tudo...
Ele veio, sentou ao meu lado. Me abraçou e me beijou demoradamente... Percebi algo diferente:
-- O que houve?
-- Preciso de dizer uma coisa...
-- Uma coisa?!
Tirei meus pés da água e me virei para ele. Sério. Parecia ao mesmo tempo triste e confuso...
-- Esse Lago sempre nos trouxe momentos tão bons... Não queria que fosse aqui...
-- Bem... Estamos aqui... Aqui terá que me dizer.
Ele me olhou nos olhos e em seguida baixou o rosto. Seu semblante era triste e pesaroso e meu coração já sabia o que era...
-- Eu vou embora. Tenho uma viagem longa para fazer e depois da viagem entrarei em retiro...
-- ...
-- Talvez pra sempre...
Eu não tinha o que dizer, apertei meus braços em volta do seu corpo e recebi o abraço de volta. Naquela noite ficamos alí. Foi a nossa despedida.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A viagem

-- Hey, você aí?! Tá pensando em que?
-- Nada...
-- ....
-- Sei lá...
-- O que está incomodando?
-- Eu não sei direito. É uma sensação de vazio... Uma coisa que dá aqui na barriga... Às vezes acho que as coisas podem não dar certo, sabe?!
-- Sei...
-- Sabe mesmo?!
-- Ahan... Medo. Eu também tenho.
-- Ah sério?!
-- HAHAHA Claro, oras... Todo mundo tem. É o medo que nos mantem seguros...
-- ...
-- Não to dizendo pra deixar de se arriscar, apenas acho que ter medo nos faz pessoas mais sensatas... Claro, muitas vezes o medo não nos permite fazer coisas que podem nos ser úteis, por isso temos que aprender a controlar, no entanto ter medo é normal...
-- Ah.... Mas mesmo assim...
-- Olha, vamos fazer assim: Quando chegar a hora, se você sentir muito medo, fecha os olhos e se concentra...
-- ...
-- Mas se concentra mesmo, bem fundo... Olha dentro de você... No seu coraçãozinho... Bem alí você vai me encontrar, aí lembre-se que eu pedi pro meu anjinho da guarda dar uma força pro teu...
-- ...... ( um sorriso pelo canto da boca e uma lágrima a escorrer dos olhinhos)
-- Eu sempre vou estar torcendo por você. Boa viagem!
Um abraço termina a conversa...

sábado, 21 de novembro de 2009

O abraço


Estávamos sentados os dois no tapete do quarto vendo televisão. Eu deitada em seu peito, ele distraidamente passeando as mãos pelos meus cabelos...
-- Amor!?
-- Oi!
-- Estive pensando?
-- Hum, bem que estranhei você quietinho aí, sem fazer comentários nenhum do filme...
Ele ri sem graça, olho pra cima e acaricio seu rosto bem barbeado e lindo...
-- Amor! Obrigado?
-- Ora, por esse carinho!!! Claro, sempre que estiver ao meu lado poderá tê-lo. Terei sempre um prazer em fazê-lo...
-- risos
-- risos
-- Sério, amor...
-- Eu sei... É que não sei porque.
-- Por me amar e por se deixar amar... Me ama sem preço, sem cobrança nenhuma, simplesmente me deixa estar em sua vida...
-- ...
Sem palavras me aconchego no peito dele. Ele sabe o que eu tenho pra dizer... Num abraço delicioso recomeçamos a ver o filme em silêncio.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Copa do Brasil de Futebol feminino


Na noite dessa quinta-feira Curitiba viveu um momento único. A equipe de futebol feminino Novo Mundo recebeu as "sereias" do Santos para a primeira partida das quartas de final da Copa do brasil de Futebol feminino. E eu estive lá...
Eu e mais 8499 pessoas. Muitas das quais - incluindo euzinha - foram até o Estádio Couto Pereira - casa do Coritiba - apenas pra ver a exibição de Marta. E ela deu o show. Fez gol, passou bola, driblou. Na real que eu daria tudo pra ter a Marta no Paraná Clube. O Santos não deu chance: Aos 15 minutos Marta abre o placar com umlindo chute de fora da área. Aos 31', ainda no primeiro tempo, Marta dá uma bola redonda pra Maurine ampliar o placar. Vem o intevalo e a esperança do gol Novo Mundino é bem pequena nas arquibancas. O Novo MUndo resistia bravamente e a goleira Ana Paula segurava uma bola atrás da outra. Passes incríveis da "rainha" Marta que acabavam sempre nas mãos de Ana. Mas aos 42 minutos o preparo físico das curitibanas cobrou seu preço. Angélica num chute indefensável e Cristiane (aos 46 de penalty) ampliaram o placar. Novo Mundo 0 X 4 Santos.
Ao final do jogo Marta, em entrevista aos repórteres no campo disse estar surpresa com o futebol apresentado pelas curitibanas e ficou mais impressionada ainda quando oube que elas não treinam todos os dias e que trabalham em outras coisas. Nenhuma atleta do Novo Mundo recebe salário pra jogar bola então têm outro emprego.
Isso, claro, refletiu-se em campo. O Santos veio com um time profissional - 99% das atletas são da seleção brasileira -, preparo físico impecável, tática bem montada, ... ; o Novo Mundo veio com meninas que jogam muito mas não são somente atletas, o preparo físico é idispensável para um jogo como esse, mas o mais bonito foi ver que, apesar de muitas pessoas terem ido ver a Marta jogar, a nossa torcida era para as meninas do Novo Mundo. Pras Curitibanas. Nosso Estado foi muito bem representado e a festa foi pra elas. Torcida organizada e com sinalizadores vermelhos pra quando as meninas entraram. Ao fim do jogo arquibancadas aplaudindo de pé a garra dessas garotas. Como a própria Marta disse: "Elas mostraram que são uma boa equipe, que sabem jogar. Tiveram algumas chances e dificultaram para a gente. Eu nem imaginava que não treinam todos os dias e que não puderam se concentrar. Se continuarem assim serão uma equipe que vai disputar títulos no Brasil"
Imagina isso com patrocínio então!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Hércules


Domingo de sol. A quanto tempo não temos isso! Parece que de fato o inverno está acabando...
Estou na cozinha, demorei pra acordar e quando me levantei ele já não estava mais na cama. Desci e a mesa estava posta, olhei pela janela e o ví alí, no gramado, sem camisa, suava em bicas...
Río, ver a cena é sempre deliciosa, Hércules, nosso cachorro, deixa ele maluco. Corre de um lado para outro passando pelas pernas dele... Os dois parecem se divertir muito.
Sento-me à mesa. Sirvo-me de café. Uns paezinhos... Fico alí, escutando a bagunça dos dois lá fora... Lembro de quando ele trouxe o Hércules pra casa, uma bolinha de pelo todo dourado. Carinha de coitadinho... Não pude resistir... Nada naquela coisinha dizia o que ele se tornaría...
Ah, não, Hércules não é um cão malvado não, mas é do tipo que gosta de aprontar. Bagunceiro como só ele. Um cachorro companheiro - aliás, essa foi a desculpa pra me comprar o cahorro, mas óbvio está que ele é que se diverte mais com o Hércules...
Quando ele não está, o Hércules não desgruda de mim, eu que saio pra passear, dou comida, carinho, brinco com ele - e tente não brincar!... Mas quando ele está em casa perco o Hércules. Os dois se divertem tanto que olhá-los me deixa feliz... É engraçado ver a relação dos dois...
Termino meu café. lavo o que resta da louça e guardo as coisas. Subo, troco de roupa e vou pra fora. Pego a mangueira e bem de mansinho chego onde os dois estão no jardim. Um jato bem em cima dos deles...
A princípio vejo uma cara de surpresa, mas o susto logo passa e os dois vêm correndo em minha direção. Sofro um ataque em massa!!!
Depois de um tempo alí brincando me rendo:
-- Ah, chegaaaa, não aguento mais, me rendo, me rendo...
Latidos e risadas preenchem os espaço...
-- Vamos, amor, é sério, precisamos ver o almoço...
-- Está bem. Hércules! Chega! Vamos guardar as coisas...
Olho para os dois se afastando, ainda sentada na grama e penso na sorte que tenho de viver ao lado do homem que amo.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Paixões. Paixões! Paixões?

Paixões. O que será que leva o ser humano a isso?
Escrevo esse texto por conta do futebol. Hoje, o tão famoso esporte bretão é uma fábrica de dinheiro. Juízes "mal preparados" arbitram tendenciosamente. Alguns jogadores com salário bombásticos, patrocinadores exigindo a entrada de um ou outro jogador, dirigentes passando a mão no dinheiro de clubes grandes, a "prostituição" de jogadores deixa o amor a camisa de lado...
E mesmo sabendo de tudo isso, mesmo conscientes da grande máfia do futebol, nos movemos como uma massa - umas maiores outras menores - para os estádios torcer para nossos times. E como falamos deles com amor. Como brigamos por ele, como suamos ao dizer das conquistas...
Uma derrota é motivo pra improprérios absurdos contra os jogadores, contra o árbitro, contra os dirigentes e mesmo contra o time adversário. Sempre é o outro lado que erra. Nunca meu time joga mal, ou foi garfado ou deu azar numa bola x ou y.
Já vi homens chorando pelo seu time. É uma paixão louca e muitas vezes sem limites. E aqui chegamos. Onde estão os limites das nossas paixões? Existe hoje um problema nos estádios e que a maioria das pessoas ligam às torcidas organizadas. Já presenciei muitas vezes pessoas pertencentes a essas que se dizem organizadas para as equipes mas que torcem e se organizam para si mesmas, saírem para o estádio prontas pra brigar. Já vi encontro de torcedores de times adversários jogarem foguetes uns nos outros no meio de pessoas que nem de futebol gostam, já percebi quase brigas em shopping porque dois grupos de equipes distintas se "cruzaram" antes do clássico que aconteceria dois dias depois...
Sería disparate da minha parte acusar aqui as torcidas sem uma prova cabal, e até nem acredito que os lideres dessas não almejem brigas... No entanto, obvio está, que isso precisa acabar, e as torcidas voltarem a torcer para o time. Gritos que nobilitam a própria torcida deveriam ser extintos e as richas entre torcedores acabar dentro do campo.
Por causa do futebol conheci grandes pessoas - tá nem tão grandes assim - e que hoje fazem parte da minha vida como bons amigos. Estamos em lados diferentes na maioria das vezes, no entanto somos capazes de assistir a uma partida e sentar a mesa sem um matar o outro.
É possível que por ser uma paixão - perturbação ou movimento "desordenado" dos ânimos - isso não acabe. Mas acredito que as coisas bacanas do futebol - o choro, a emoção de um gol, as palavras da arquibancada (que param alí), as risadas, as piadinhas com os amigos quando ganhamos, a comoção humana a despeito de qualquer torcer - triunfe...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Texto

Estou sentada à frente do computador. A casa é um silêncio imenso. Abro minha caixa de e-mail e vejo um que foi encaminhado. Abro. Leio atentamente, mas já na primeira quadra choro.
Vejo a ferida que não quer curar sangrar mais uma vez. Deixo o pranto escorrer a cada frase, a cada palavra, cada letra... Ele chega nesse instante e me vê ali. Inconsolável...
-- Mang, o que houve?
-- Nada... - digo em meio ás lágrimas.
Mas ele sabe que não é verdade e vem em minha direção. Um abraço me entrega e o choro aumenta...
-- Quando vai passar? Será que vai passar?
-- ...
O texto que me põe nesse estado é de Martha Medeiros e me fez lembrar da minha avó. Três meses. Esse é o tempo que não convivo com ela. Tento pensar em coisas do dia a dia e me lembrar do que minha fé me diz, mas momentos como esse - em que os amigos se lembram de nós - pregam uma peça em meu coração...
-- Amor - diz ele suavemente - Eu sei que dói, mas estou aqui...
Meu abraço se aperta. Termino de chorar. Ele seca minhas lágrimas com um amor infindável... Vou ao banheiro. Tomo uma ducha... Quando saio do banho ele me espera com o jantar pronto.
Olho tudo aquilo e do meu coração desperta uma oração: "Obrigada, meu Deus, por ela ter tido tempo de me ensinar tudo o que pode antes de ir." Sento-me à mesa com ele e as conversas nos levam pra lugares menos triste... Mas certamente minha vovó não "morrerá" tão cedo...