terça-feira, 19 de março de 2013

Pé d'água


Estávamos na casa de campo, os dias faziam-se um mais lindo que o outro e nós aproveitávamos para tirar o mofo do corpo...

-- Pronta?

A pergunta era retórica, porque era óbvio que eu não estava pronta. Ainda de pijama e sentada à mesa tomando um saboroso café com leite olhei para ele com cara de preguiça...

-- Não podemos esticar umas toalhas à beira da piscina e ficar por aqui mesmo?

-- Ah... Vamos!!! - disse animado e me incentivando a levantar – Você prometeu que tentaria ao menos parte do caminho...

-- Entããão, estou tentando, mas não consigo me animar a isso...

-- Já estou com tudo pronto. A barraca, as cordas, o lanche... Vamos, põe o tênis....

Vencida pelo excesso de alegria dele, levanto e vou ao quarto me arrumar. Quando saio para a frente da casa ele está animadamente conversando com o caseiro e explicando por onde íamos – tudo uma questão de segurança.

O caminho pela floresta era encantador e fui obrigada a admitir que estava tudo maravilhoso. Depois de tempos caminhando, chegamos à uma lareira e ele resolveu montar a barraca. Já era quase meio dia e o estômago dava sinais de fome.

-- Como nos velhos tempo, hein... Vou fazer um almocinho mateiro na fogueira para nós.

-- Enquanto ele se empolgava com a fogueira eu tratei de encontrar alguns troncos interessantes para sentarmos.

O cheiro da fumaça e o da floresta me trouxeram boas lembranças... Estava tudo muito bom e depois do almoço resolvemos andar por aí... Só para vermos o que víamos...

Corremos como pudermos, mas foi molhados que chegamos na barraca... Ríamos... E no meio da risada fui tomada por um abraço, por um beijo... Era preciso esperar a chuva passar...

domingo, 17 de março de 2013

Sábado de Sol




O dia amanhece bonito e com sol... Algo raro para essa cidade que gosta de um tempo mais escuro e molhado... O café da manhã é cedo para aproveitar as companhias que na cozinha já fazem falatório como se fosse final de dia. Depois do café, volto ao quarto para aguardar. Assim era o combinado.
Já em cima da hora o telefone toca:
− Alo?!
− Tava dormindo ainda?
− Nada, tava esperando...
Combinamos o horário, me arrumo e saio. Em meu coração uma coisa estranha. Ando triste com umas coisas que me fazem falta, mas das quais respeito os tempos devidos. E uma coisa como a que está por acontecer, há muito é esperado...
O parque está em festa. Sol, movimento, bicicletas e caminhantes. Procuramos o grupo. Pronto. Todos reunidos ao ar livre brincando... Brincando de coisa séria. De fazer teatro. Meio receosa entro no jogo da exposição... Não sou eu... Aliás, sou, mas um eu que anda meio perdido no meio de tanta realidade esquisita. De tanta “maturidade” e seriedade exigida. Reencontro comigo mesma e com meus avós... Com minha mãe... Mas o momento não é triste, é de pura alegria e satisfação.
A fome atinge os “brincadores” e resolvemos comer. Parte do grupo se reúne no velho Passeio Público. E eu me pergunto quantas mais lembranças serão reavivadas... Enquanto comemos muitas coisas são conversadas, são planejadas, já me sinto aceita no grupo de forma tão única que é como se tudo estivesse escrito para ser assim. O que estava planejado para a manhã se prolonga até o fim da tarde quando resolvemos que precisamos voltar ao mundo do qual saímos. Já no carro, uma nova proposta.
− Esticamos no café?
− Bora! Não tenho nada por fazer.
Lá outras lembranças, outros cheiros, outros abraços e sabores de vozes que já faziam falta. Que delícia de café. Que delícia de momento. O fim da tarde se transforma em quase fim de noite.
Deixo a amiga em casa depois de um telefonema preocupado por eu ter “sumido” o dia todo...
Estou feliz. O cheiro dos amigos que tenho por perto me faz bem. As pessoas novas que conheci já me fazem bem. O passado de volta me faz bem. Esse dia foi bom porque trouxe de volta o melhor de mim. O meu eu mais perfeito. Feliz e sorridente. O sorriso verdadeiro...