segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A foto



Havia dias que eu procurava um livro que a Angela me pediu. Não encontrava em canto algum. De repente, mexendo na gaveta dele pra pegar um documento, encontro o livro.

Ponho uma ruga no meio da testa:

-- Como tinha vindo parar alí? Ele nem gosta desse tipo de leitura...

Tiro o livro da gaveta e ao folhear deixo cair uma foto. Quando olho para ela lembro do dia. Eu estava sentada no café tomando capuccino e conversando com minha amiga da foto quando ele chegou com a máquina na mão.

Apresentei os dois e ele todo feliz, parecendo um menino, mostrava o "brinquedo" novo...

-- Olha, amor! Vê esse zoom!! O tamanho desse flash...

MInha amiga e eu trocávamos olhares e ríamos dele e do seu ânimo com a máquina... Sorri com a lembrança. Fechei o livro com a foto onde estava e devolvi para a gaveta. Ângela teria que esperar. Peguei o documento que fui procurar e sai apagando a luz do escritório...

sábado, 28 de agosto de 2010

No shopping

-- Mang, quando foi que você descobriu que amava ele?
Quase nao percebi a pergunta no meio do agito no shopping. Precisei de alguns segundos para perceber sobre o que falávamos. Parei de repente, olhei para ela com uma cara intrigada: Afinal, que pergunta era aquela? Segurei em seu braço...
-- Vamos sentar no café. Isso terá que ser explicado...
Subimos pela escada rolante, sentamos e fizemos os pedidos de sempre...
-- Então?! Anda, desembucha...
Sem jeito ela me olhou toda vermelha:
-- Bem... Eu... E o Henrique... Estamos... Ãh... Saindo...
-- Que??!! "Estamos saindo"??!! Desde quando??
-- Tem 3 meses...
-- Três meses!!!!!! - disse quase gritando.
-- É... A gente ia contar. Só... Foi acontecendo...
-- E estão apaixonados?!!
-- Então...
-- Três meses!!! - refleti atônita - Se você está me perguntando isso é porque já era. Estão apaixonados.
Ela sorri. Eu rio cumplice de volta.
-- Ah que bom, estou mesmo feliz com isso!!!!!!
-- ...
-- Há!! Terminando esse lanche descemos. Vi um sapato lindo na vitrine...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Fim de semana


Estou sentada à mesa. As mãos nervosas esfregam-se uma na outra em cima da mesa. Estralo os dedos - um de cada vez - com a ajuda do polegar. As mãos suam...

Receber aquele recado me deixou ansiosa. Há muito não a via. Devia fazer, sei lá, uns 20 anos... Tanto tempo... Viajo nas lembranças de um tempo em que as preocupações giravam sobre o que levaríamos para o próximo acampamento...

O garçon vem e pergunta se desejo algo e peço uma água:

-- Com gás e sem gelo. Limão no copo, por favor.

O relógio anda devagar e a expectativa é enorme. Quando a água chega me distraio com a rodela de limão dentro do copo. Cutuco com o palito de sorvete que veio junto - sem o sorvete, o que é uma pena...

Penso comigo mesma como era bom antigamente quando o que tínhamos era um sofisticado palito de agrílico com uma bolinha em uma das pontas e na outra um adorno. Tempos esse que só via o palito no copo da minha avó e seu inseparável campari vermelho...

Desse lugar de lembranças sou tirada por uma mão no meu ombro:

-- Mang?!

Virei e mesmo tendo passado tanto tempo sorrimos uma para a outra . Nos abraçamos. Sentamos para jantar e conversar. Parecia que havíamos nos visto há apenas uma semana. Uma longa semana de 20 anos...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A viagem


Entrei naquele avião rumo ao destino, rumo à um sonho. Não sabia o que pensar, não sabia o que me esperava. Muitas foram as desculpas. A amiga que me acolheu, os amigos que fiz e que seriam realidade a partir daqueles dias.
Seis horas... Era o que me separava do destino. Muitas coisas passaram pela minha cabeça. Já tinha feito outras viagens, outras pessoas se tornavam realidade... O que esperar dessa nova cidade? Do novo passeio...
Mas a verdade é que meu coração foi em busca da sua metade. Talvez quando fui não soubesse o quanto essa viagem era importante. É possível que não esperasse tanto. Certamente minha cabeça sabia o que fazer, mas meu coração estava meio perdido.
Seis horas... Pensei em pegar um livro, mas minha mente viajava e ansiava pelas coisas que viveria... Nessas alturas não tinha Veríssimo que me ajudasse... Conexão em São Paulo. Trocar de avião encheu minha cabeça por alguns minutos. Liguei pra casa:
-- Oi mãe.
-- ...
-- Sim, tudo bem...
-- ...
-- Sim... Beijos
Conversa rápida... Apenas pra dizer que estava bem... Novo embarque. Mais duas horas e quarenta minutos e estaria desembarcando... Quem estaria lá. Como seria a recepção... Será que ele estaria me esperando....
Quando o avião pousa meu coração salta... Desembarco e vou atrás das malas... Calmamente caminho para o salão de desembarque e quando saio pela porta lá está ele. Lindo, doce, gentilmente me esperando. Aproximo-me dele... Um abraço... Um beijo... Uma frase:
-- Chega só de letras.
-- ...



Amigos, amores, corações separados pela internet. Que cada um deles encontre esse momento, pois é especial de verdade. Conhecer amigos assim me fez feliz. Sei de amores que começaram assim e que são felizes... Então... É pra vocês...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Viagem pra casa

Esse final de semana pegamos o carro e saímos pela estradas. Tínhamos um rumo, mas não tínhamos pressa. O sol brilhava em cada canto da estrada, poucas eram as nuvens e se podia ver a linha do horizonte em qualquer direção que se olhasse.
Logo depois de uma curva nos deparamos com um imenso campo todo verde. Um verde que abusava de tão lindo. Foi como mágica. Nós dois tivemos a mesma reação. Ele parou o carro e eu peguei a máquina fotográfica... Procurei o melhor ângulo e bati a foto. Quando olhei pra ele vi o rosto do menino que conheci. As lembrança escorriam pela face de homem feito. Sorri para ele. Ele sorriu para mim. Sabia que eu estava dentro da cabeça dele, no mesmo pensamento.
Aquela nossa viagem havia sido planejada com cuidado, chegaríamos de surpresa. Avisamos a irmã dele para que ela desse um jeito de juntar o povo num almoço, mas tudo seria surpresa. Ele a muito havia saído de casa e os pais dele andavam a telefonar mais do que o freqüente.
Quando ele decidiu sair de casa para estudar foi uma confusão. O pai precisava do “braço” dele e a mãe nada podia fazer quanto a isso. Ele veio decidido a não voltar. E quando voltou, anos depois, foi para uma visita rápida e me apresentar. Dessa vez ele voltava para ficar mais uns dias. Ficaríamos hospedados na casa da irmã “cúmplice” do plano. Ela realmente estava contente com nossa ida e ele estava ansioso para ver os pais mais uma vez...
O milharal só aumentou a expectativa. Chamei-o para o carro de volta e olhei o mapa:
-- Ok, não vamos parar para o lanche, assim chegamos mais rápido...
-- Mang, não tínhamos pressa...
-- Sim. Não “tínhamos”... Vamos com cuidado, mas vamos logo...
Ele sorriu para mim. Beijou meus lábios e ligou o carro.
-- Vamos.
A palavra de hoje é de uma estreante: Carina Reis, uma amiga que conheci em um "outro tempo"...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Passeio pelo parque


De mãos dadas passeamos pelo parque. Estamos os dois tão felizes. Coisas novas acontecendo em nossas vidas, amigos casando, tendo filhos... Tudo nos parece perfeito.

Levamos o Hércules pra passear e ele está correndo um pouco à nossa frente... Pula, vai e volta, late para o ar e para nós... Está alegre pelos momentos de liberdade...

Sentamos em um banco perto do lago. O verde se espalha ao redor. O sol da tarde de domingo invade o parque como o amigo que há muito não se vê. Todos sorriem e abrem os braços para recebê-lo.

Em meio ao abraço dele, percebo que Hércules encontrou algo. Um animal em uma moita talvez. Olho como ele se posiciona diante da moita, como cheira, late, rosna. Cutuco ele pra que olhe em direção ao cachorro. Ele sorri. Faz menção de levantar. Eu o seguro mais um pouco. Gosto de observar as estratégias do Hércules enquanto caça...

-- Pena não termos trazido a máquina...

Ele apenas sorri e me olha. Eu não resisto àquele olhar. Sorrio de volta e lhe dou o prêmio solicitado. Um beijo.

Depois do beijo ele cha que já e tempo de tirarmos o cão da sua caça e depois de um grande assobio ele diz firme:

-- HÉRCULES!

O cão atende ao chamado na hora, corre até nós, ele poe a guia nele mais uma vez. Levantamos e tomamos rumo de casa...