domingo, 27 de novembro de 2011

A Tempestade




Sabem como funciona a tempestade? Pois é...
Estamos com um dia muito bom. Sol, calor e a vontade gostosa de por uma roupa leve para ir para a beira da piscina ou para uma praia... Como mágica, o sol é encoberto por uma nuvem escura. Daquelas monstruosamente escuras e aquela nuvem vem avançando e parece que vai engolir o mundo perfeito que se formou com o sol, o calor e a piscina...
Então começamos a escutar os trovões. À princípio longe, como um sussurro, mas o aproximar da nuvem vem trazendo os sons mais para perto e eles se transformam em algo aterrador. Aí desaba. Mas não começam por pingos pequenos. São gotas gigantescas de água que caem dos céus e explodem na terra, nos telhados, nas janelas... Por vezes a chuva é tão repentina e pega o dia quente tão de surpresa que quando cai vira pedra e cai em forma de bolas de gelo, às vezes pequenas, outras vezes tão grande que destroem o que encontram pelo caminho...
Mas sabe o que é bacana da tempestade? Elas acabam...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Planejando

-- Vocês vão passar o ano onde?
-- Não sabemos ainda, ele não disse quando vem de viagem.
-- Ai, é horrível não poder planejar.
-- Nem me fale! Espero que amanhã ou depois ele já diga algo sobre isso, queria fazer uma festinha no natal e, sei lá, viajar no ano novo...
-- Hum... Esse vermelho aqui... Pois, eu queria saber com vocês o que vão fazer para ver se não podemos pensar em algo juntos para o ano novo. Ele tem uns primos no Rio e parece que os primos vão viajar e o apê vai estar vazio nas festas de fim de ano, e eles disseram que poderíamos usar. Que tal!?
-- Rio!! ãh... pode cortar mais um pouco para acertar o penteado depois... É uma excelente ideia. Mas só saberei mais para frente. O que não impede vocês de irem.
--É verdade, mas acho que ele gostaria que vocês estivessem juntos... Desde o nosso casamento que não conseguimos marcar algo, e são nossos padrinhos...
--Farei o possível, prometo!

Nesse momento, a cabeleireira termina e me mostra no espelho.

-- Perfeito! Era isso mesmo que eu queria. E suas unhas, demoram?
-- Não, não, já estou terminando.
-- Enquanto termina me conta soube da Jussara? Ela....
-- ...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

De Vento em Popa


Finalmente depois de um período longo de correrias no trabalho aproveito o fim de semana chuvoso e desço para a casa de praia. Pego o livro que comprei há 2 meses que não consegui nem sequer dar uma olhadela e vou com ele para a beira mar.

Sento, fecho os olhos e sinto o vento vindo do mar. O som das ondas batendo e o cheiro do sal... Concentro por uns segundos e abro o livro começando a leitura...

Algumas páginas adiante há o desenho de um barco. Um grande veleiro com velas estufadas. Num repente me vejo dentro dele. A vida é assim. Hoje estamos navegando. O vento não sopra e o marasmo da mesmice do mar te envolve. A rotina da vida, do dia a dia te transforma aos pouco num marujo cansado e depressivo. Como um aviso dos céus, uma lufada de vento move as velas, os marujos sentem o cheiro diferente vindo e o capitão imediatamente deixa a cabine para dar as ordens necessárias...

Então, a vela estufa e o barco começa a desenvolver cada vez mais veloz. Os ventos bons acompanham o barco e a vida à bordo se agita e multiplica. A felicidade se espalha e os desejos de novos rumos afloram...

Sorrio por saber que os ventos agora sopram nas minhas velas...

domingo, 20 de novembro de 2011

Bobona



Estavam as duas na sala em silêncio. Ouvia-se apenas o barulho do vento no corredor dos quartos e o falar baixo da TV quando a inércia é interrompida:
-- Ele só foi jantar fora e eu já estou com saudades.
-- É porque vocês estão muito grudados.
Com cara de choro e ar de desespero agoniado ela pergunta quase num grito:
-- Ele disse algo!!!
Olho pra ela com cara de indignação e reviro os olhos...
-- Menos, ok? Ele não disse nada, eu disse por conta de você estar sentindo saudade, foi uma constatação retórica, foi praticamente para mim mesma, não pra você.
Ela respira, olha para a tv e diz, tão retórica quanto eu.
-- Sempre sinto saudade, sou uma bobona...
Olho pra ela e mais uma vez vejo o que já vi outras vezes em outras amigas...
-- É, o amor deixa a gente assim...
-- É...
Na TV algo acontece na novela e a conversa volta as atenções para o acontecimento...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Tempo de ler




A biblioteca da nossa casa é um achado. Ele sempre faz questão de comprar exemplares antigos de obras clássicas. Mas também temos os livros mais novos, ditos “best sellers” modernos de fácil leitura e acesso popular...
Estava procurando algo para ler, meus dedos passavam pela lombada dos livros mais baixos enquanto eu lia os nomes... Nada que me agradasse. Fazia já alguns dias que eu não escolhia algo para ler, os dias de trabalho intenso e as longas noite no computador que esticavam o trabalho me tinham tirado o prazer da leitura. Mas hoje queria encontrar algo. Já abrira o vinho e a lareira estava acesa...
Entre um romance moderno e um clássico da literatura encontrei uma pequena brochura. Curiosa, tirei da estante e surpreendi-me ao folear. Desenhos infantis ilustravam uma pequena história contada igualmente por uma criança. Algo com um coelho e uma cenoura... Corri para ver mais uma vez o nome do autor e abri um sorriso maroto e sincero...
Nesse instante ele bate no batente da porta para dizer que estava ali... Eu olho ainda com o sorriso no rosto e mostro o livreto. Ele sorri de volta.
-- Ótima escolha, combina com o vinho.
Ele vem em minha direção, beija minha boca e me leva para a poltrona. Senta, eu sento em seu colo e começamos a ler a história que ele escreveu na infância...
O vinho rega as risadas e dá continuidade para o que segue...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Manhã






Aquele dia amanheceu estranho, a chuva caia batendo na janela com um ritmo nostálgico. Despertei com os pingos na calha e passei a mão pelo outro lado da cama. Vazio.
Abri um dos olhos e espiei. De fato ele não estava ali. Escutei pra ver se tomava banho. Nada. Levantei e fui até a janela. A vizinhança estava acordando também. Nesse instante vejo ele chegando com o cachorro e um pacote na mão.
-- Hum... Teremos café com pão fresco...
Vou ao banheiro me arrumo e desço. Um café fresquinho está sendo passado e o cheiro é delicioso. Dou um beijo nele. Vou à geladeira e no meio de uma conversa animada ponho o leite para esquentar.
Depois de a mesa posta, sentamos os dois e entre geleias, queijos e outros quitutes matinais conversamos sobre a semana que iria iniciar no dia seguinte e fizemos alguns planos para o dia...
E lá fora a chuva que continuava caindo...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ode ao Vozão




Anjos Cantam no céu,
Lágrimas correm aqui
Umedecendo os rostos
Incrédulos dos que ficaram
Zangados com a vida que,
Infiel, nos leva em
Óbito, o lastro dessa Familia

Espiemos as culpas,
Sacudamos as mágoas, afinal,
Tantos anos viveu, que
Atingindo o limites da
Nave da vida que lhe foi presenteada
Inspira seu último golfão de ar
Saindo desse mundo
Leviano e inconstante para
Alcançar a vida eterna
Unindo-se à sua única companheira...

Chorem pela saudade,
Hoje, amanhã ou
Enquanto precisarem.
Resistam porém, pois
Orbitando entre a razão e a fé
Bailam Aluizio e Luciana
Infinitamente felizes e novamente
Marido e Mulher.





Meu avô, sete dias atrás, foi ter com minha avó. Grande homem. Viveu por ela e aguentou aqui, sem ela, o quanto deu. Bom descanso vozão.




quinta-feira, 30 de junho de 2011

Leite com Baunilha



O clima era propício para um passeio ao campo. Arrumamos a mala, passamos no mercado para abastecer a adega e comprar uns aperitivos e tomamos a estrada rumo à casa de campo para encontrar os amigos.
Pelo caminho fazíamos planos para o final de semana enquanto uma seleção de música nos distraía hora e outra quando fazíamos coro com o rádio e ríamos um do outro.
Uma hora de estrada e chegamos à casa. A luz da garagem estava acesa. Entramos na casa e somos arrebatados por um delicioso cheiro...

-- Hum... Baunilha... Adoro Baunilha...

Diz ele sorrindo enquanto leva nossas malas para o quarto de hóspedes. Eu me dirijo à cozinha na esperança de encontrar alguém por lá. Em cima da mesa encontro um bilhete:


Estamos acampando, voltamos amanhã. Aproveitem a casa e o leite com baunilha que o Pedro preparou para vocês. Sabemos que adoram.
Beijos
Angela
Sorri e ponho o bilhete de volta na mesa quando ele me abraça por trás perguntando dos dois. Digo onde estão e ele sussurra coisas em meu ouvido. Sorrio e viro para ele. Deixo meus lábios tocarem nos dele...

-- Feito. Mas antes vou esquentar o leite com baunilha que o Pedro preparou para nós.

Ele sorri mexendo a cabeça afirmativamente enquanto sobe por água na banheira...

domingo, 26 de junho de 2011

Alegrias Cotidianas




A água do lago fazia pequenos movimentos com o vento. No quintal da casa ela estava sentada num banco lendo seu habitual livro. A menina brincava com uma bola que ganhará do avô...
O livro a distrai e ela se transporta para um mundo longe daquele em que vive. Onde os príncipes existem de verdade a as mentiras são contadas apenas pelos homens maus... Os barulhos ao seu redor não existiam mais e o vento era a única coisa que lhe fazia tirar a atenção do livro quando levava uma mexa dos seus cabelos negros para a frente dos olhos...
A menina continuava alí com a bola a pular pelo gramado perto do lago e foi assim, bem pertinho do lago, que teve a idéia. Olhou para a mãe sentada distraída, sorriu, pegou o lenço do bolso, agachou-se perto do lago, molhou o lenço na água gelada do inverno e foi pé ante pé até onde estava a mãe sentada.
Sem pestanejar, espremeu o lencinho na base do pescoço da mãe que trazia os cabelos presos num coque na cabeça... Ela sentiu a água escorrer gelada pela linha da coluna e arrepiou-se toda. Quando virou para dar uma bronca viu o rosto peralta da filha a sorrir para ela. Não aguentou e sorriu de volta correndo pelo gramado atrás da menina que gargalhava gostoso.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Mil e um, mil e dois, mil e três



O dia estava tão azul que ardia os olhos... Não havia vento algum e tudo contribuía para o salto perfeito.
Ela nervosa com o primeiro salto nem café da manhã tomou. Nós ali, companheiras, comemos por ela... Chegamos ainda de manhã no “aeroporto” e a tensão era cada vez mais evidente.
O primeiro grupo que salta demora muito para subir, já são quase 12:00 quando o avião decola... Cinco por vez... Depois que o segundo grupo está pronto, ela é avisada que sobe no próximo...
-- ...Sela, 1001, 1002, 1003... Verifica equipamento: coisinhas abertas, coisinhas esticadas, coisinho baixo, “flair”, posição, direita, 90º, referência, esquerda, 90º, referencia, localiza o alvo...
O procedimento de emergência também é repetido em solo vezes e vezes a fio. O grupo antes dela chega ao solo e a excitação aumenta, como um esquilinho hiperativo ela anda de um lado para outro sem sossego...
Põe a roupa, veste o paraquedas. Cada detalhe meticulosamente acompanhado pelas amigas fotógrafas...
O avião sobe. Me posiciono com a câmera na mão, vamos tentar filmar cada detalhe... Ela salta. Vemos aqui embaixo só o pontinho se abrindo colorido e a única coisa que posso fazer é imaginá-la gritando com a adrenalina a percorrer o corpo.
A distancia é tanta que não consigo mantê-la no visual da câmera o tepo inteiro... São mais ou menos 5 minutos de voo... O instrutor resolve brincar com ela e um 360º faz-nos escutar um grito de empolgação que vem dos céus... Ela se diverte no céu e nós em terra, dividimos a emoção...
Já no chão. A alegria e a bagunça são compartilhadas. Nos acalmamos, voltamos para o carro e tomamos rumo de casa felizes e satisfeitas pelo fim de semana.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Patê na água








Estavam as três naquele carro. Pão. Patê. Leite de soja e chocolate em pó. À frente o mar. O medo de que a água suba é substituído pela alegria juvenil que se forma nelas.


O pão cortado com a tesoura e o patê comprado é empurrado com o leite de soja cheio de chocolate em pó misturado com a técnica super moderna inventada naquele instante...


O fim de semana estava apenas começando e já passavam por muitas emoções. quilómetros de erros as levaram àquele lugar, e no fim das contas a diversão foi garantida como sempre.


O sabor da amizade é o que mais se percebe naquele carro ao som de Norah Jones. Discussões sobre técnicas de fotografia e sobre a velocidade do carro em curvas... O frio chega e as três já alimentadas voltam à estrada, com a sensação de um fim de tarde perfeito na balsa da amizade.


terça-feira, 17 de maio de 2011

Regozijo



Estou deitada lendo quando recebo uma mensagem pedindo atenção. Vou ver o que se passa e ela começa a falar de forma agita que precisa me ver e que é muito importante.
Meu coração de amiga preocupada salta e agita dentro do peito: O que seria? Combinamos nos encontrar em 30 minutos no parque. Banco de sempre. Levanto da cama e ponho a primeira roupa que vejo na frente. Desço as escadas correndo e pego as chaves e os documentos do carro na mesinha ao lado da porta.
Dirijo até o parque com uma ansiedade absurda. Quando chego, o sol da tarde já está baixando e ilumina o parque com a luz perfeita para a fotografia. Por um segundo arrependo-me de não a ter trazido. Olho para o lugar combinado, lá está ela. Parecia mais ansiosa que eu, mas feliz... Aliás, muito mais feliz do que eu supunha, havia um sorriso enorme no rosto...
-- Que demora!!
-- Demora!!!!??? Fala sério, vim o mais rápido que minha sanidade permitiu!
-- hahaha
Sento no banco e respiro puxando ela pra baixo também. Na linha tênue da razão perguntei ansiosa...
-- Anda! Conta... Vai me matar assim...
-- Olha, sei que pra você será uma surpresa boa e que a felicidade que eu estou sentindo será compartilhada por você.
-- Caramba! Conta logo.
-- Estou grávida!
Um jorro de alegria passa por mim e meus olhos se enchem de lágrima. A informação passando por cada canto do meu corpo transforma aquilo no acontecimento do ano. A palavra ressoa: Grávida!! Grávida!! Cada canto do meu corpo escuta aquilo com a regozijo da verdadeira amizade...
Pena que estamos tão longe uma da outra e eu não posso abraçar de verdade com toda essa alegria que estou sentindo.

domingo, 15 de maio de 2011

Engenho Feminino

Naquela tarde as três estavam passeando em torno do lago. Falavam sobre as coisas do trabalho e sobre como o tempo passava. Lá longe, na outra ponta do lago corria um moço.

Braços balançando no ritmo exato das passadas, calça de corrida, tênis azul e uma camiseta de igual cor suada da corrida... Meu olhar desvia sem querer pra ele e Paula nota instantaneamente fazendo o mesmo movimento. Sorrimos uma para a outra como se a ideia viesse de um cérebro pra outro.
Carina que ia distraída falando sem parar com um álbum de fotos na mão não percebe quando as duas diminuem o ritmo e a deixam alguns passos à frente... No momento exato chamam-na e ao virar-se dá o passo necessário para esbarrar no moço que vinha sentido contrário. Não houve solução que não o chão. Eu e Paula corremos com a maior cara de pau ajudar aos dois caídos, e percebemos que havia dado certo quando o moço ajudou Carina a levantar-se com o olhar mais concentrado do mundo.
Rimos uma para a outra como cúmplices e puxamos papo:
-- Machucou muito?
-- Nossa!! Que distração! Não percebemos você vindo...
Ele todo sorrisos dizia que tudo estava bem e que isso acontecia mesmo. E que ele também tinha culpa, afinal estava vendo – e bem – as moças vindo em direção contraria e no fim das contas ainda nos ofereceu um suco no deque mais adiante.
Eu e Paula nos divertimos muito vendo que a criatividade feminina pode fazer por uma amiga. Tiago – sim esse era o nome dele – nos deixou aquele dia com o telefone da Carina no celular dele e uma boa história pra contar.

domingo, 8 de maio de 2011

Pro dia das mães

Há muitas definições sobre ser mãe. Mas eu vou dar as minhas: é nunca mais dormir aquele sono pesado, mesmo quando o bebê nem está na mesma casa. É viver se sentindo culpada por não ter tido a paciência suficiente, ter feito a melhor comida, a melhor escolha, viver se perguntando se está sendo mole demais ou dura demais. É pensar sempre, o tempo todo em outra pessoa que não seja você.

É viver o sentimento mais contraditório do mundo: quando você está cansada e quer que ele (ou ela) durma, e quando dorme ter uma saudade imensa. Toda mãe vive pensando que quer um tempo só pra ela e quando consegue, não pensa em outra coisa que não seja no filho. Eu sempre digo que vivo com saudade da minha, mesmo quando ela está perto de mim. É uma vontade de apertar tão forte como se fosse possível que ela voltasse a fazer parte, fisicamente, de mim.

É ter aquela responsabilidade absurda de que você precisa acertar. É um sentimento especial ouvir um "mamãe, você é linda maravilhosa" mesmo que outros já tenham dito isso alguma vez antes.

Eu sempre quis, antes mesmo de engravidar, criar a minha filha pro mundo e não pra mim. Não é à toa que ela consegue ser ainda mais independente que eu. E sempre estimulo isso, sem forçar a barra. Largou da fralda sozinha, trocou a chupeta por um brinquedo e nunca mais pediu, agora está toda faceira porque trocou o berço pela cama. Ajudou a carregar dois sacos de brinquedos para dar para as "outras crianças que não tem nenhum". Hoje me disse assim: mamãe, eu não sou mais bebê. Sou Sofia Grande já. E eu ri, claro. Mas fiquei preocupada.

Melina Santos, jornalista, produtora da RPCTV Ponta Grossa, professora da faculdade SECAL, estudante de pós em jornalismo digital e mãe da Sofia, de 2 anos e meio.

domingo, 1 de maio de 2011

Noite Especial




Chovia naquela noite. Era outono e as ruas estavam vazias com o frio da noite acentuado pelo dia de chuva... As folhas preenchiam o chão como um tapete para a água que escorria para os bueiros.
Eu olhava pela janela, uma lágrima perdida acompanhava a chuva lá fora. A mão segurava o coração que fora presente e que possuía uma foto nossa dentro. Nem precisava abrir para lembrar-me dela. Já havia olhado vezes suficientes para ela para tê-la gravada na memória.
Nós dois sentados à mesa daquele jantar. Minhas mãos entrelaçadas com as dele. Ele usava um belo traje e a gravata vermelha contrastava perfeitamente na camisa branca. Eu ao lado dele usava um belo vestido longo. No pescoço um colar de rubis que fora de minha avó e faziam par com os brincos com a mesma pedra que minha mãe havia mandado fazer e nos lábios o batom que formava o sorriso vermelho perfeito. Uma noite deliciosa que jamais sairia da minha lembrança... Sorri ao escutar o barulho na escada. Virei-me e ele, com aquele tom de voz que me levava a loucura avisa:
-- Estou pronto, vamos?!
Peço ajuda com o colar. Pego a bolsa na mesinha de telefone e respondo:
-- Sim, não se esqueça de pegar o guarda chuva e o presente.
Saímos para a noite chuvosa rindo como duas crianças que descobrem coisas novas...

sábado, 2 de abril de 2011

Uma vez por semana

O shopping como sempre lotado. Eu sabia o que queria, mas a diversão era poder estar com as amigas a passear pelas vitrines, entrar numa ou noutra loja e experimentar o que elas tinham para oferecer.


Entramos em uma loja onde vendiam casacos, escolhemos alguns e fomos ao provador. Põe, mostra, risadas, tira, põe outro... Seguimos nossa jornada pelas alamedas de lojas cheias de cores e diversão garantida.


Na metade do passeio paramos na praça de alimentação. Um lanche e muito mais risadas.


-- Meninas, vocês precisavam ver a cara dele quando o banco caiu e eu fui direto pro chão. A única coisa que se eu conseguia ver era meus sapatos azuis lá em cima onde deveria estar minha cabeça e os rapazes a me ajudar a ficar de pé...


Lá fora o dia passava. Uma chuva caía, claro, aqui sempre chove, e nós continuávamos indiferentes ao tempo, a conversa sempre era a coisa mais importante para nos manter unidas e para estarmos juntas, deixamos as agendas escondidas embaixo dos bancos dos carros e os telefones celulares desligados. Assim é uma vez por semana. Deixamos tudo pela sensação de estarmos juntas.


Ao fim do lanche alguém já anuncia:


-- Semana que vem vamos ao parque, comprei uma câmera de fotografia nova e quero usá-la na luz.


É ovacionada e fica decidido. Na próxima semana o encontro será no parque. Enquanto vamos levantando e pagando a conta as conversas continuam rumo à novas risadas...

quinta-feira, 10 de março de 2011

Vou levando alguns amigos

Mais um dia de trabalho que termina, entro no carro rumo a casa cansada. Os dias tem passado como um turbilhão e as coisas todas como uma bola de neve a cumulam em cima da minha mesa...
Chego e a rotina da casa me toma. Arrumo tudo o que tenho pra arrumar e quando finalmente acho que vou poder parar até que ele chegue, o telefone toca:
-- Amor, vou levar uns amigos.
-- Está bem....
Minha vontade era dizer a ele desanimadamente que não tinha condições. Mas para ele trazer amigos assim é porque era importante.
Volto para a cozinha e busco na despensa o que preciso, preparo algo leve. Quando ele chega a mesa da cozinha já está posta, há um vinho na geladeira e um delicioso suco de melancia. Na sala a mesa posta para um jogo...
A noite corre. Eles despendem-se e assim que a porta se fecha subo pro quarto. Minha cama é a única companhia que desejo. Ele vem, me dá um beijo nos lábios agradecido e pega a toalha pra um banho. Quando volta já há muito dormia...
Acordo somente no dia seguinte pronta (ou quase) pra mais um dia... Meu corpo funciona mecanicamente. Minha mente pede férias.
Esse vai lá pra Portugal, à amiga Cátia que fez aniversário há uns dias...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Boas Notícias!

A tarde estava quente o ar parado fazia com que tudo ao redor de mim parecesse morto. Sentia o suor escorrer pela testa e nada do que eu vestia me fazia confortável. Quase escutando uma súplica minha no céu escuto um estrondo, a chuva parece que estava vindo para aliviar o calor que matava.
Eu estava na frente do computador lendo quando o telefone toca. Uma mensagem: “A Mariana nasceu esta madrugada, é linda!” Imediatamente lembrei da escola e de como éramos jovens e com sonhos e de como esses sonhos são diferentes hoje. Não menos importantes ou menos sonhados, mas diferentes.
A vida passa e nós demoramos a dar-nos conta de que passou. Vejo as amigas formando, trabalhando, casando, tendo filhos... Sorrio internamente porque sinto aqui onde estou a felicidade da minha amiga...
Ainda curtia essa notícia quando recebo outra:
-- Ah, não vejo a hora de chegar agosto!
Sei do que se trata imediatamente, mas preciso ouvir:
-- Explica ai?!
-- Depois que me formar vou embora. De vez. Morar junto e tudo...
Meus olhos se enchem de água porque sei como ela está feliz e como ele é um cara bacana. Talvez devesse saber mais, no entanto, por pura tolice não me dei essa oportunidade.
A tarde de calor se dissipa com a chuva que cai largamente. O vento refresca a sensação de sufocamento de momentos atrás e o corpo desfruta do prazer da alegria compartilhada dos amigos....