terça-feira, 27 de abril de 2010

Jantar à dois

Estava na cozinha preparado a janta. A casa estava em silêncio. Bethoven encontrava-se aos meus pés. Eu tinha na mãos uma taça com vinho. Punha no forno o salmão. O molho agridoce cheirava pela casa...

Aproveito que o arroz que serviria de entrada estava pronto e vou arrumar a mesa. Escolho uma toalha vermelha. Ponho dois pratos, os guardanapos brancos, os talheres de prata da minha avó. Duas taças y os copos para a água.

Com a mesa pronta volto à cozinha para ver se tudo está bem. Abro a geladeira para verificar se o sorvete ainda se encontra lá e também separo os "brounies" para a sobremesa...

De repente, Bethoven que estava sempre aos meus pés corre para a porta. Eu sorrio. Sei que ele chegou. Escuto quando ele entra. fala com o cachorro e ao passar pelo radio escolhe seu CD favorito e põe pra tocar... Fecho os olhos e sinto os acordes das músicas. Cada uma dela me lembrando ele...

Ele cantarola na sala e vem caminhando até a cozinha. Eu tiro o avental e bebo o último gole do vinho que tenho na taça. Estou olhando o forno quando ele chega:

-- Oi, Mang.

Levanto-me. Olho para ele com um sorriso. Ele tem nas mãos uma garrafa de vinho branco e um buquet de flores. Meu sorriso só aumenta com a cena...

-- Eu trouxe seu vinho favorito...

Vou até ele e com um beijo agradeço...


Texto coletivo com o 2ºG do CEP. Aí está meninos.

domingo, 25 de abril de 2010

O grande tigre de bengala

Ainda no tempo em que os bichos falavam havia na floresta um misterio. Todas as noites os animais escutavam um ressoar vindo com vento que passeava por entre as árvores. Era um sussurro de dor e tristeza emachucava a alma da floresta.
Mas a vida na floresta continuava seguindo e durante o dia todos estavam alegres e despreocupados. Mas bastava o anoitecer aproximar-se que tudo começava a mudar, as conversas diminuirem ou passarem à sussurros; o medo se instaurava.
Num dia - de dia - um grupo de animais muito revoltados com a situação foi até a presença do Leão - o Rei Leão -, e o lobo, representante do grupo, se adiantou pra falar:
-- Senhor Rei, sabemos de sua nobreza, de sua coragem, de sua força. Por conta disso nos reunimo e viemos aqui implorar. Não aguentamos mais. O medo toma conta de nós. As noites são mal dormidas, é preciso que isso mude...
Enquanto ele falava, a trupe que veio com ele fazia menções em cada momento...
-- ÉÉÉÉÉ!!!
-- ISSO MESMO!!!
Uma barulheira e uma confusão que foi irritando o grande e garboso rei até que, no meio de tudo, ele ruge:
-- GRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAUUUU!!!!
O eco do rugido se espalhou por toda a sala do trono e o silêncio veio em seguida. Impávido em seu trono ele lembrava a todos o porque era ele o rei. Com o olhar real se acalmando, ele falou com a voz sabia dos reis:
-- Caros animais. Súditos. Irmãos. Vocês tem razão em sua reclamação... Também minha família está assustada. Vamos empreender nessa mesma noite uma patrulha, descobriremos o que acontece.
Satisfeitos, os animais voltaram para casa na certeza de que tinham um bom rei.
Naquela noite, quando tudo ficou escuro e o vento começou a correr soturnamente entre as árvores, encontrou um grupo de bravos leões vigiando. E quando o silêncio reinou, lá vieram os ressoares. O lamento de uma fera.
Os leões, mesmo sentindo o arrepio do medo subindo pela espinha, mantiveram a formação. Passo a passo o grupo foi seguindo, o cheiro do medo se espalhava pela floresta e os bravos leões sabiam disso...
No entanto, se há bons caçadores na floresta, esses são os leões. Assim, mesmo com as dificuldades, foram seguindo silenciosos em direção ao ruidoso intruso.
Quando estavam bem perto, a apenas alguns passos da grande clareira da Lua, se prepararam para atacar. Avançaram e a visão que tiveram os fez parar...
Alí, bem no meio da lareira, estava, em pé em sua 4 patas e reluzido à luz intensa do luar, um grande tigre branco. Era simplesmente o maior tigre de bengala que já haviam visto. Lindo. Suas listras caramelo contrastavam com a brancura de sua pele que brilhava ao luar. E os olhos claros, pareciam duas estrelas em órbita na resplandecência da noite. O tigre parecia chorar, lamentava-se olhando para o céu como se houvesse algo que ele precisasse que o céu escutasse...
Ao perceber os leões na clareira o tigre parou o lamento num átimo e seus olhos azuis olharam para cada um dos leões e eles puderam ver a imensa tristeza nos olhos do tigre.
O tigre suspirou. Sentou-se. E com a voz mais mansa que já havia sido escutada, diz aos leões:
-- Desculpem! Acabo de perceber que meus lamentos causam um problema... Mas não sei como parar...
O líder do grupo de caça dá um passo à frente e cautelosamente diz pergunta ao belo animal:
-- Mas como e porque um espécime tão belo e raro como você lamenta-se dessa forma? Não sei se percebe, mas a floresta toda sofre. Você causa terror em todos, porque o vento leva e aumenta os ruidos por entre as árvores. Há um povo inteiro aterrorizado...
Ao escutar isso o tigre solta um longo suspiro. Sua tristeza mais uma vez se espalha pela clareira e os leões sentem-se incomodados. O tigre decide que é hora de contar o porque de sua tristeza:
-- Há muito tempo, quando eu ainda corria pela floresta com os outros animais, me apaixonei por uma ursa. Obviamente que esse amor era impossível! Um tigre e uma ursa! Dois seres tão diferentes... No entanto descobri que ela também de mim gostava e começamos a nos ver escondidos das nossas familias, nosso amigos, de todos...
Um dia estávamos namorando quando fomos descobertos. Um enorme urso marron nos encontrou e furioso começou uma briga. Ela, querendo que aquilo parasse, entrou entre nós dois bem no momento em que ele desferia um golpe. Acertou-a em cheio e a matou. Com a ira que se seguiu eu matei o urso.
Quando veio o sol, o sangue se espalhava pela floresta, meu pelo branco todo vermelho pela briga, me denunciava.
Fui condenado a viver sozinho e longe de todos e nessa clarera descobrir minha ursa - olha para o céu... Mas também, ao seu lado, está o grande urso para lembrar-me do mal que causei... Por isso é que me lamento...
Os leões estavam estarrecidos. Então as histórias sobre ursa maior e ursa menos eram verdadeiras, existia memso o grande tigre de bengala que havia matado os ursos...
-- Senhor tigre - disse o leão - sua história é conhecida na floresta toda, é uma lenda... Assim, não podemos nem sequer ousar a atacar. Peço, como líder desse grupo, que pare com os lamentos e deixe de assustar os bichos. - E continuou - O rei me imbuiu de autoridade para o que for preciso, então eu chamo-o a conviver conosco de novo, já sofreu demais e já pagou sua dívida.
O tigre, que há muito vivia só e triste, sentiu um calor dentro do peito, e depois de anos a chorar pelos cantos, sorriu. Olhou bem nos olhos do leão e, num movimento de cabeça, agradeceu. Deu ás costas ao grupo e desapareceu na floresta...
O grupo de caça jamais disse nada sobre aquela noite. Voltaram todos em silêncio e com a certeza de que haviam vivido um momento mágico. E nunca mais se escutou o ressoar de lamento do tigre...
Esse texto vai, com um abraço meu para os pequenos Rafael e Marta, com carinho, pro outro lado do Atlântico. E para a Paula, minha querida amiga, que tantas palavras bonitas tem pra mim sempre...

domingo, 11 de abril de 2010

Tá namorando.... Tá namorando....

-- ...

-- ...

-- Ângela, me conta, e o carinha da academia?

-- Passa o açúcar. Bem, o carinha da acadêmia é muito simpático, tem 30 anos e é advogado. Trabalha concursado no Tribunal de Contas da União. Gosta de vinhos. Viajou pro Chile numa escursão pelas vinículas chilenas. Manteiga por favor. Vive sozinho em um apartemento perto de casa. Adora o rock nacional, mas é bem eclético e tem uns cd's de música de cinema maravilhosos... Nada 3 vezes por semana e 2 vezes vai à academia. Nos finais de semana vai aos parques, cada semana um e adooora tirar fotografias...

-- Caramba!

-- ... (cora)

-- Eu não queria a ficha completa, apenas queria saber se você ainda continuava saindo com ele...

-- Parece...

-- Parece!!!! Você sabe a ficha completa dele e acabo de entender porque depois de anos de insucessos da minha parte em te convencer a aprender a nadar você subitamente desenvolveu um desejo de aprender...

-- Mang!

-- Sério, Ângela, acho que está na hora de apresentá-lo à turma...

-- (risos)

-- (risos)

-- Que delícia esse pãozinho...

-- É. Descobri uma padaria nova a caminho do trabalho... Ângela, porque ainda não decidiu se estão enfim namorando?

-- Não sei. Acho que me falta segurança...

-- Amiga - segura a mão dela - aqui entre nós, você conhece a vida do cara como a palma da tua mão, isso significa que tem passado bastante tempo com ele (e também explica o teu sumiço repentino), mais segurança que isso!!! Só compromisso.

-- ...

-- Olha essa geléia.

-- Amora! Hum...

-- Que?!

-- Ele adora amoras...

-- ...

Olham uma para a outra...

-- ha ha ha ha ha

-- ha ha ha ha ha

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O sabor do preço da páscoa



Hoje, estaba a pensar nos tempos em que vivia com minha mãe e com meu pai em uma casa com um jardim bem grande.

Todos os anos na páscoa, minha mãe coloria uns ovinhos de galinha e nos punha uns amendoins torrados e papai nos comprava uns chocolates e, em um pacote para cada um, os escondia pelo jardim e nós os procurávamos durante a manhã de Páscoa... Depois como estávamos reunidos havia o grande almoço de páscoa.

Hoje em dia, quando chega a época de Páscoa, vejo a muitos pais loucos ao supermercado procurando os "maravilhosos ovos" ofertados. Um mais lindo que o outro. A variedade é imensa. Alguns possuem recheio, outros são trufados. Há aqueles com "cacau extra-especial", ou com "leite das vacas gentís do alto das montanhas suiças"... Sabores tão variados quanto os preços...

E esses - os preços - são assunto à parte. Pode ser dizer que existe uma variedade absurda entre um e outro, mas, mais absurdo ainda é que os menores preços já são altos.

Olhando essa loucura toda, onde o chocolate torna-se parte de uma tradição cada vez mais consumista e moderna, tenho saudade di tempo em que os doces serviam para agradar o coração das criança e fazer rir aos adultos, e em que à hora do almoço, dávamos a mão e agradecíamos pela renovação da esperança que é a páscoa...


Texto produzido em língua espanhola com a turma do 3º G do Colégio Estadual do Paraná. Obrigada fofuxos.