sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Conversa ao pé do ouvido

Estou sentada na varanda do quarto do hotel nas montanhas vendo o pôr do sol quando ele senta a meu lado e me tira dos pensamentos....
-- Onde você está?
-- Hum...
-- Está tudo bem?
-- Sim, eu acho...
-- Quer falar sobre isso?
-- Sobre o que exatamente?
-- O que te levou pra longe de mim...
-- Hum... Desculpe... Mas esse lugar, as meninas... É tão bom estar juntos...
-- Mas...
-- Penso sobre tudo que vivemos juntas. Sobre as coisas que nos dissemos já e sobre o que deixamos de dizer. Sei que eu deixei de dizer muita coisa e relevei tantas outras porque entendia e compreendia o jeito de cada uma. Mas percebo que a recíproca não é verdadeira e que os ferimentos estão reabrindo com uma força que não esperava.
-- ...
Em silêncio ele me abraça ao sentar-se ao meu lado e me estimula a falar:
-- Ando sempre na corda bamba. Sempre cuidando das coisas que falo porque não quero ferir. Mas parece que nunca acerto. Firo se não digo nada. Firo se rio. Machuco se respondo algo que não foi perguntado pra mim. Erro se deixo de dizer algo....
Quando estou feliz nem sempre encontro a disposição de estarem felizes comigo. Mas sempre tenho a disposição para estar feliz ou triste com alguém...
-- ...
As lágrimas começam a brotar dos olhos:
-- Eu não erro o tempo todo, mas parece que somente sou solicitada quando precisam de mim... Quando sou "competente" pra resolver um problema ou fazer um desabafo... Não tenho o direito de estar de mal humor ou de ter um tempo pra ser ouvida... Parece que isso não me compete nunca...
-- Do que exatamente você está falando? O que aconteceu?
Já não falo mais, as lágrimas não permitem. Ele, como sempre, me abraça em silêncio e se cala. sabe que o que eu podia falar estava dito. Sabe que tem mais coisa que precisa ser dita, mas não pra ele. Mas em seu amor ele me abraça mais forte:
-- Pois eu sempre terei o tempo que você precisar...
Mais lágrimas caem, sei que ele está alí, mas não pode resolver o que sinto agora.

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