terça-feira, 14 de agosto de 2012

Encontros



Naquela tarde de inverno em que o sol havia esquentado por completo o dia e os raios do fim do percurso deixavam o céu meio rosado ensaiando a chuva que demoraria a vir, eu escutava o programa esportivo no rádio enquanto guiava.
O rádio ligado apenas por estar já que meus pensamentos iam longe. Dirigia mecanicamente enquanto minha mente divagava... O encontro parecia bem planejado, repetia tudo mentalmente para ter certeza de que tínhamos feito tudo...

Parei em frente à casa da Beatriz e antes mesmo de desligar o carro ela apontou no portão. Embarcou e seguimos ao local combinado. Incrivelmente não éramos as primeiras, já um grupo pequeno se encontrava conversando animadamente no saguão. Sorrindo nos aproximamos...

Quando o grupo nos viu, um tipo bonachão abriu os braços e falando alto veio em nossa direção, abraçou Beatriz entre votos de alegria e satisfação e logo depois agarrou-me nos seus braços. Um abraço apertado e saudoso.
No mesmo instante senti o poder da amizade. Instintivamente meus braços circularam a figura retribuindo a partilha. Fechei os olhos enquanto sorria e escutava ele dizendo ao meu ouvido:

– Por todos esses anos, em nem um único dia da minha vida, esqueci de pensar em você e agradecer por sermos amigos. Estava com saudades, que bom reencontrá-la...

Pedro e eu havíamos sido muito amigos na faculdade, era quase fácil dizer que ele formou-se graças ao pequeno grupo que criamos para estudos. Apoiávamos uns aos outros e procurávamos atender as dificuldades individuais de cada um. Mas Pedro era especial, tinha uma dificuldade imensa em tudo, e muitas vezes o pessoal irritava-se com ele. Mantive ele no grupo. Pois sabia dos esforços pessoais que fazia para estar alí.

Então escutamos as piadas comuns do tempo da faculdade a dizer que ele podia deixar um pouco para os outros... Rimos e ele me largou do abraço. Cumprimentamos os demais e procuramos nossa mesa. A turma foi chegando e o jantar foi servido. Foi um momento muito especial. Em que recordamos muitas coisas boas e verificamos com satisfação que o tempo foi generoso para a maioria de nós.

No fim da noite, deixamos um grupo responsável pelo próximo encontro. Trocamos alguns e-mails com os mais íntimos e nos despedimos. Bea estava radiante, dispensou minha carona para voltar para casa com Paulo, um antigo casinho que estava solteiro... Cheguei em casa satisfeita e mais ainda quando vi que havia outro carro na garagem. Entrei, subi as escadas para o quarto e o vi deitado. Fui ao banheiro, tomei um banho quente. Deitei ao lado dele abraçando-o...

-- Boa noite, Mang... - disse sonolento.

-- Não sabia que voltava hoje, senão tinha voltado mais cedo...

Ele virou para mim, beijou-me e com ar maroto disse:

-- Surpresa!

E aquela noite teve o fim perfeito que merecia...

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