A água e o fogo têm, cada um deles, uma relação estreita e muito particular com vida. Porque sentimos - e a ciência nos confirma - que toda vida vem da água. O mamífero emerge do mar, e a criança que nasce sai do líquido amniótico. Os próprios pântanos fervilham de germes vivos.
Mas a chama nos fascina porque ela manifesta a presença de uma alma. A vida vem da água, mas o fogo é a própria vida, por seu calor, sua luz e, também, por sua fragilidade. O fogo-fátuo, conduzindo sua dança frágil e efêmera sobre as águas negras do brejo, parece-nos a mensagem comovete de uma alma viva.
Pode-se dizer que o homem se obstina, por sua crueldade ou perversão, em aproximar esses dois inimigos. Não contente em ferver a água sobre o fogo nas panelas de sua cozinha, apaga a fogueira, à noite, derramando um balde de água sobre as brasas. mas é sobretudo o bombeiro o grande organizador do combate entre a hidra e o dragão, quando dirige o jato de sua lança sobre a base do braseiro. E, aí, é preciso lembrar o provébio espanhol, tão profundamente pessimista: "Na luta da água e do fogo, é sempre o fogo que perde." Pessimista, sim, porque o fogo simboliza aqui o entusiasmo, o espírito juvenil, o ardor empreendedor, e a água, as tristes e desencorajantes sujeições da realidade.
Mas o gênio humano não se contenta em opor água e fogo. Ele soube sintetizá-los num só elemento: o álcool - que chamamos, às vezes, de água de fogo. O álcool é água e fogo ao memso tempo. Entretanto, ele mostra, a alguns, apenas uma de suas faces. Segundo uma análise de Gaston bachelard, E. T. A. Hoffmann e Edgard Poe eram igualmente alcoólatras e extraíam sua inspiração de seus copos. mas "o álcool de Hoffmann é o álcool que flameja: ele é marcado pelo símbolo daquilo que é próprio do qualitativo, próprio do masculino, do fogo. O álcool de poe é álcool que submerge e que dá o esquecimento e a morte: ele é marcado por aquilo que é próprio do quantitativo, próprio do feminino, da água. O gênio de Edgard Poe está associado às águas dormentes, ao lago no qual se reflete a Casa Usher".
Michel Tournier. O espelho das idéias. 2 ed. Paris, Mercure de France, 1996.
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Da-le Si loca, foi mui bom ter vc e a Maris no meu ap. Venha mais vezes, só não gostei da parte de que mereci ter me quebrado, hehehe. Grande beijo e ótima semana!
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