terça-feira, 17 de maio de 2011

Regozijo



Estou deitada lendo quando recebo uma mensagem pedindo atenção. Vou ver o que se passa e ela começa a falar de forma agita que precisa me ver e que é muito importante.
Meu coração de amiga preocupada salta e agita dentro do peito: O que seria? Combinamos nos encontrar em 30 minutos no parque. Banco de sempre. Levanto da cama e ponho a primeira roupa que vejo na frente. Desço as escadas correndo e pego as chaves e os documentos do carro na mesinha ao lado da porta.
Dirijo até o parque com uma ansiedade absurda. Quando chego, o sol da tarde já está baixando e ilumina o parque com a luz perfeita para a fotografia. Por um segundo arrependo-me de não a ter trazido. Olho para o lugar combinado, lá está ela. Parecia mais ansiosa que eu, mas feliz... Aliás, muito mais feliz do que eu supunha, havia um sorriso enorme no rosto...
-- Que demora!!
-- Demora!!!!??? Fala sério, vim o mais rápido que minha sanidade permitiu!
-- hahaha
Sento no banco e respiro puxando ela pra baixo também. Na linha tênue da razão perguntei ansiosa...
-- Anda! Conta... Vai me matar assim...
-- Olha, sei que pra você será uma surpresa boa e que a felicidade que eu estou sentindo será compartilhada por você.
-- Caramba! Conta logo.
-- Estou grávida!
Um jorro de alegria passa por mim e meus olhos se enchem de lágrima. A informação passando por cada canto do meu corpo transforma aquilo no acontecimento do ano. A palavra ressoa: Grávida!! Grávida!! Cada canto do meu corpo escuta aquilo com a regozijo da verdadeira amizade...
Pena que estamos tão longe uma da outra e eu não posso abraçar de verdade com toda essa alegria que estou sentindo.

domingo, 15 de maio de 2011

Engenho Feminino

Naquela tarde as três estavam passeando em torno do lago. Falavam sobre as coisas do trabalho e sobre como o tempo passava. Lá longe, na outra ponta do lago corria um moço.

Braços balançando no ritmo exato das passadas, calça de corrida, tênis azul e uma camiseta de igual cor suada da corrida... Meu olhar desvia sem querer pra ele e Paula nota instantaneamente fazendo o mesmo movimento. Sorrimos uma para a outra como se a ideia viesse de um cérebro pra outro.
Carina que ia distraída falando sem parar com um álbum de fotos na mão não percebe quando as duas diminuem o ritmo e a deixam alguns passos à frente... No momento exato chamam-na e ao virar-se dá o passo necessário para esbarrar no moço que vinha sentido contrário. Não houve solução que não o chão. Eu e Paula corremos com a maior cara de pau ajudar aos dois caídos, e percebemos que havia dado certo quando o moço ajudou Carina a levantar-se com o olhar mais concentrado do mundo.
Rimos uma para a outra como cúmplices e puxamos papo:
-- Machucou muito?
-- Nossa!! Que distração! Não percebemos você vindo...
Ele todo sorrisos dizia que tudo estava bem e que isso acontecia mesmo. E que ele também tinha culpa, afinal estava vendo – e bem – as moças vindo em direção contraria e no fim das contas ainda nos ofereceu um suco no deque mais adiante.
Eu e Paula nos divertimos muito vendo que a criatividade feminina pode fazer por uma amiga. Tiago – sim esse era o nome dele – nos deixou aquele dia com o telefone da Carina no celular dele e uma boa história pra contar.

domingo, 8 de maio de 2011

Pro dia das mães

Há muitas definições sobre ser mãe. Mas eu vou dar as minhas: é nunca mais dormir aquele sono pesado, mesmo quando o bebê nem está na mesma casa. É viver se sentindo culpada por não ter tido a paciência suficiente, ter feito a melhor comida, a melhor escolha, viver se perguntando se está sendo mole demais ou dura demais. É pensar sempre, o tempo todo em outra pessoa que não seja você.

É viver o sentimento mais contraditório do mundo: quando você está cansada e quer que ele (ou ela) durma, e quando dorme ter uma saudade imensa. Toda mãe vive pensando que quer um tempo só pra ela e quando consegue, não pensa em outra coisa que não seja no filho. Eu sempre digo que vivo com saudade da minha, mesmo quando ela está perto de mim. É uma vontade de apertar tão forte como se fosse possível que ela voltasse a fazer parte, fisicamente, de mim.

É ter aquela responsabilidade absurda de que você precisa acertar. É um sentimento especial ouvir um "mamãe, você é linda maravilhosa" mesmo que outros já tenham dito isso alguma vez antes.

Eu sempre quis, antes mesmo de engravidar, criar a minha filha pro mundo e não pra mim. Não é à toa que ela consegue ser ainda mais independente que eu. E sempre estimulo isso, sem forçar a barra. Largou da fralda sozinha, trocou a chupeta por um brinquedo e nunca mais pediu, agora está toda faceira porque trocou o berço pela cama. Ajudou a carregar dois sacos de brinquedos para dar para as "outras crianças que não tem nenhum". Hoje me disse assim: mamãe, eu não sou mais bebê. Sou Sofia Grande já. E eu ri, claro. Mas fiquei preocupada.

Melina Santos, jornalista, produtora da RPCTV Ponta Grossa, professora da faculdade SECAL, estudante de pós em jornalismo digital e mãe da Sofia, de 2 anos e meio.

domingo, 1 de maio de 2011

Noite Especial




Chovia naquela noite. Era outono e as ruas estavam vazias com o frio da noite acentuado pelo dia de chuva... As folhas preenchiam o chão como um tapete para a água que escorria para os bueiros.
Eu olhava pela janela, uma lágrima perdida acompanhava a chuva lá fora. A mão segurava o coração que fora presente e que possuía uma foto nossa dentro. Nem precisava abrir para lembrar-me dela. Já havia olhado vezes suficientes para ela para tê-la gravada na memória.
Nós dois sentados à mesa daquele jantar. Minhas mãos entrelaçadas com as dele. Ele usava um belo traje e a gravata vermelha contrastava perfeitamente na camisa branca. Eu ao lado dele usava um belo vestido longo. No pescoço um colar de rubis que fora de minha avó e faziam par com os brincos com a mesma pedra que minha mãe havia mandado fazer e nos lábios o batom que formava o sorriso vermelho perfeito. Uma noite deliciosa que jamais sairia da minha lembrança... Sorri ao escutar o barulho na escada. Virei-me e ele, com aquele tom de voz que me levava a loucura avisa:
-- Estou pronto, vamos?!
Peço ajuda com o colar. Pego a bolsa na mesinha de telefone e respondo:
-- Sim, não se esqueça de pegar o guarda chuva e o presente.
Saímos para a noite chuvosa rindo como duas crianças que descobrem coisas novas...