Era domingo. Ele acordou todo empolgado e correu para a janela. Afastou com a mão um pedacinho da cortina e o sorriso aumentou mais ainda. Ele volta pra cama, beija meus lábios...
-- Anda! Vêm! O dia está perfeito!!!!
-- Ajhduenjdd
-- Ah, vamos, não reclama, não, você disse que ia comigo...
Não tive escolha se não levantar da cama. Me arrastei para o banheiro e entrei no momento em que ele saia do banho. Liguei o chuveiro e tomei um banho rápido. Quando cheguei na cozinha, o café já estava pronto. Quase não consegui comer tamanha a vontade dele em sair. Enquanto beliscava um pedaço da pão ele arrumava as coisas no carro. Andava de um lado para outro sem parar e numa excitação crescente...
Entrei no carro enquanto ele punha o que faltava na mala. Saímos e ele ruma à estrada que leva para o aeroclube. No caminho explicações sobre o trajeto pretendido, sobre os motores, os controles de voo, combustível, baterias... Eu tentava acompanhar cada assunto interagindo da melhor maneira possível...
Quando apontamos na entrada do aeroclube, Antônio esperava por ele. Avisou ao guarda da portaria que era ele e assim que entrou no carro o assunto multiplicou de altura e os dois falavam sem parar. Eramos quase os primeiros a chegar e ele estacionou o carro o mais perto possível da pista. Descemos e fomos cumprimentar alguns amigos que já estavam lá.
Logo ele pediu licença e com Antônio foi preparar o equipamento. Tirou da mala do carro um belo aeromodelo. Era uma réplica de um avião que eu não conseguia lembrar o nome, por mais esforço que fizesse. Ele levou o avião para a pista e juntou-se a outros que já lá estavam.
Com o passar do tempo os grupos dividiram-se claramente entre os que estavam lá para pilotar e os que estavam para assistir ou acompanhar. Eu, claro, estava no segundo grupo. Fui até o carro, peguei a cadeira que ele estrategicamente havia posto para mim e sentei-me ao lado do veículo fazendo um pequeno grupo com outras pessoas.
Com a máquina fotográfica em punho, entre uma conversa e outra, tirava umas fotos dos voos da nave dele e de suas poses enquanto controlava o avião. Ele, por sua vez, chegava-se sempre que tinha um intervalo entre um avião e outro, ou precisava abastecer. O almoço, um belo “juntatudo”, foi servido à base de muita risada.
Ao fim do dia, voltamos para casa. Eu guiava enquanto ele, exausto, vinha falando feliz sobre as melhores manobras, os melhores aviões... Apesar de não entender nada daquilo, e ele saber disso, lá estava com ele, como sempre... Por um momento ele calou, olhou para mim com um sorriso e pôs sua mão na minha perna...
-- Te amo, Mang.
Olhei de lado e sorri, sabia daquilo... Ele recostou no banco e fechou os olhos mas o sorriso ainda continuava no rosto. Sua mão ainda na minha perna. Sorri ao ver aquele ar de criança marota e satisfeita nele. Amava-o também por isso...